terça-feira, 27 de junho de 2017

No 37.º aniversário da Delegação de Viseu da Associação de Comandos

Em 14/05/2017, no RI 14), a Associação de Combatentes do Concelho de Arganil esteve representada nos convívios de antigos militares, em Mangualde e Vila do Conde e ultimamente, na festa da Associação de Comandos (Delegação de Viseu). Nesta presença foram proferidas palavras de circunstância pelo seu presidente, Manuel Magalhães e em seguida também o antigo oficial da 5.ª Companhia de Comando na Guiné, António Fernandes Pinto Morais, na leu o seu discurso, que dada a sua importância, aqui se transcreve:

Sinto-me feliz por celebrar hoje convosco este 37.º aniversário da nossa Delegação. É por tal motivo mais do que suficiente para aqui expressar os nossos PARABÉNS a todos quantos contribuíram para atingir esta meta. Mas por outro lado sinto-me tão orgulhoso por fazer parte desta comunidade. E sabem porquê?

Porque os Comandos constituem uma comunidade com uma identidade própria, que se integra numa comunidade social mais vasta: UM POVO.
Uma comunidade com símbolos: O código, o crachá, o estandarte, a boina vermelha, são alguns dos mais representativos.
E obviamente sem deixar de sublinhar, o conhecimento, a consideração, o orgulho e o respeito pelos dois ícones representativos deste Povo: a Bandeira de Portugal e o Hino Nacional. 
E a nossa história, construída por milhares de operacionais, merecedores dos mais elevados elogios, reconhece-os como os melhores combatentes, “que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando”.
E aquela simbologia que caracteriza uma identidade, expressa-se no Código Comando, na exaltação dos valores: 
“O Amor à Pátria”. “O Amor ao trabalho”.  “O espírito de sacrifício”. “A prática da camaradagem”
 “A prática da solidariedade”. “A Afirmação de pessoa de carácter leal e determinado”
 “A Recusa da indignidade e da mentira”. “A exaltação dos que lutaram e venceram os obstáculos”
 “O servir sem preocupação de paga”. “O cumprimento da missão”
 Depois, não há ex-Comandos. Só Comandos. Nas fileiras e fora delas. No activo e na reserva. Uma vez Comando é-se sempre Comando.
Os Comandos são homens que, ficaram para sempre ligados entre si, porque se identificam com determinados princípios.
 É um processo imparável, independente da vontade deste ou daquele elemento do grupo. É sabido que os grupos atingem maior ou menor importância social, em resultado do desempenho de alguns dos seus membros, que pelas suas características, podem incutir (ou retirar) maior dinâmica ao próprio grupo. Os símbolos formam-nos num grande colectivo, uno coeso e forte.
Um frémito percorre o nosso corpo ao vermos ou ouvirmos um dos símbolos que gravámos no nosso ego. Quando sentimos esta emoção, sabemos que pertencemos ao grupo.
 Acontece o mesmo quando vemos uma miniatura do crachá numa lapela, um autocolante colado no pára-brisas, uma tatuagem no braço ou ao ouvirmos o grito MAMA SUME.
 E mesmo afastados de um convívio frequente ou desenquadrados das estruturas formais – Batalhões, Companhia, Associação, fazemos parte deste grupo.
 Há um sentimento de pertença ao grupo, mesmo quando nos afastamos da estrutura ou quando nos afastam (expulsão). Um Comando será sempre, para si próprio e para os outros um Comando. O Frémito permanece. Já transcende a racionalidade. É do exclusivo domínio das emoções.
 Numa religião chamar-se-ia a ISTO crença. Num partido convicção. Num grupo como os “Comandos” como se designará?
 Nesta comunidade alcança-se a maioridade. Anteriormente conhecemos a existência do grupo, respeitamos, a sua “áurea” a sua “mística”, desejamos ser um “deles”. A entrada é altamente exigente, muitas vezes até violenta. E é nesse clima de tensão levado ao extremo que gravamos a nossa simbologia. Na quente, prova de fogo moldamo-nos e moldam-nos. Participámos nos ritos de passagem. Já não voltaremos ao ponto de partida, após as experiências dos teatros operacionais. A viagem não tem regresso. Entranha-se. Interioriza-se e define-se: “Quero e Posso”.
E nesta viagem sem regresso, chegámos melhores mas diferentes. A intensidade física e psicológica do Curso de Comandos, individualiza-nos e distingue-nos. Assim nos temos formado nos últimos 50 anos. Razão porque os Comandos se tornaram num “grupo social” forte e respeitado na comunidade em que se integram. Porque, em caso de ameaça à nossa soberania, em tempo de crise de valores, do desmoronamento social, da desunião, e da fragilização dos grupos (se bem que continuem activos os grupos corporativos na defesa dos seus interesses profissionais, políticos ou económicos) ou em que os grupos se transformam em turbas animistas (como as claques dos clubes), os Comandos permanecendo vinculados à defesa dos seus ideais, intervêm e participam quando necessário, sem que para tal tenham de ser convocados. A sua identidade simbólica é a chama que nunca se apaga e o estímulo que nunca enfraquece.
 Aqui reside o “Mistério”, pois os “Comandos” sem os seus símbolos perderiam a sua verdadeira identidade.

 Razões porque se afirmam, e não se importam que alguém lhes diga “tu sabes vencer, mas não sabes tirar proveito da tua vitória”.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Mais um aniversário com muita vida e amizade

3 de Junho, dia que o calendário marcou mais um aniversário da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil – 11 anos – que o seu presidente da direcção, António José Vasconcelos, considerou que é graças ao empenhamento diário de todos, bem como associados e amigos, que diariamente cumprem a sua palavra para com a Associação, a fim de «fazer desta casa uma casa grande, não só fisicamente, mas grande no nome para engrandecer o concelho e todos aqueles que acreditaram e acreditam em nós».
E foi perante muitos combatentes, entre eles representantes de Associações de outros concelhos, com ou sem estandartes, que decorreu a abertura destas comemorações, na sede da Associação, que o Presidente da Direcção afirmou ainda que a «Associação tem neste momento uma marca histórica de determinação», que procura continuar, pois ela «é feita de um grande trabalho de equipa nesta casa», e que «assim será nestes próximos anos… depois, depois só Deus saberá». Não deixou António de Vasconcelos de agradecer à Câmara Municipal, na pessoa do seu presidente, que em final de mandato, muito contribuiu para que este sucesso fosse possível, esperando, no entanto, que «continue a ajudar-nos» e também a Junta de Freguesia lhe mereceu encómios pelo apoio prestado.

Sendo o Museu uma «arma» forte de recordações e de afirmações, que tem sido elogiado pelos que nos visitam, agora mais ampliado, o Presidente da Direcção não deixou de agradecer a altos comandos militares a forma como participaram nesta riqueza histórico-militar, citando o Tenente-General Campos Gil, ex-vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, agora na reserva, e o Major Moreira da Silva, em serviço em Tancos. Não esqueceu o nosso conterrâneo Tenente-Coronel Albino Tavares, «que igualmente nos tem ajudado no então deficit de peças museológicas».
Para o presidente da assembleia-geral estes encontros são sempre motivadores «para continuarmos a manter-nos de pé», onde o diálogo, a amizade, a solidariedade são valores que todos mantêm e que os que estiverem no Ultramar Português «parece que foram vacinados, porque hoje mantemos energias para prosseguir». Depois de Abel Fernandes ter elogiado o papel das mulheres em tempos de ausência em terras africanas, ali em grande número, teve palavras amistosas para com o Presidente da Direcção, «homem permanente», não esquecendo o tesoureiro José Gomes e toda a equipa, que têm engrandecido «esta casa que só nos enriquece a todos». Também elogiou o papel que o Eng. Ricardo Pereira Alves «em nos ter entregue esta casa, a par de diversas contrariedades e em boa hora o fez» e por isso deixou o repto para «que o seu nome seja perpetuado naquela casa».

Em representação da Junta de Freguesia de Arganil, Pedro Alves relevou os valores porque todos, nessa altura defendiam, que eram «os valores da nossa Pátria», e por isso «jamais se pode esquecer o que vocês fizeram» e lamentou que não haja informação sobre este motivo, para que «não se fale apenas de coisas que nos aterrorizam, mas de paz e de concórdia».
Elogiando o mérito que todos tiveram em transformar «esta casa em encontro e amizade», o Presidente da Câmara afirmou que sempre «acreditei em todos vós a transformação deste espaço», louvou a dinâmica que lhe foi dada, que reflecte a memória, dizendo que hoje o país que temos em parte se deve aos Combatentes, e um povo que tem futuro tem memória, defendendo causas, como «vocês as defenderam».
Proferidas palavras por Armando Nascimento, de Pomares, de António Miranda, da Associação de Penacova e de Manuel Pereirinha, da AVEC, a deixarem saudações à Associação aniversariante, e trocas de lembranças, o Dr. Ferraz, da Associação de Tondela, a anunciar que no próximo dia 1 de Julho a Associação de Combatentes de Arganil terá no seu reduto a reunião da Federação Nacional de Combatentes, onde vão estar presentes todas as Associações. 

Após esta sessão, feita no átrio da Associação, todos se dirigiram ao Sobreiral, onde foi prestada homenagem aos Combatentes do Concelho que tombaram no conflito ultramarino, e onde foram depostas ramos e palmas de flores, acto que foi seguido de um minuto de silêncio e cantado o Hino Nacional. Proclamado cada um dos seus nomes com um «Presente!...», a caravana seguiu para o Mont’Alto, em cujo restaurante se realizou o almoço de convívio, que se prologou até tarde.


ZÉ DE VASCONCELOS